Descubra o que ocorre com o cérebro quando estamos perto da morte – ‘A vida passa como um filme’

Pesquisas identificaram sinais cerebrais que podem explicar fenômenos de quase-morte, revelando um pico de atividade cerebral.

Saúde

Por Izabella Gramacho Publicado em 23 jul, 2024

Recentemente, um caso intrigante envolvendo um homem de 87 anos e um estudo inovador trouxe novas reflexões sobre o funcionamento cerebral durante os últimos momentos de vida. Este homem, que enfrentava problemas de epilepsia, passou por uma eletroencefalografia contínua devido a complicações de um hematoma subdural após uma queda. Infelizmente, ele teve um ataque cardíaco e faleceu durante o exame. A análise de dados dessa situação rara ofereceu aos cientistas uma oportunidade única de observar as atividades cerebrais que ocorrem logo antes e após a morte.

A pesquisa, divulgada através da revista Frontiers in Aging Neuroscience, indicou a presença de oscilações gama intensas, que estão geralmente associadas às capacidades cognitivas superiores como meditação, sonhos e memória. Essa descoberta fornece evidências que alimentam a teoria de que o cérebro pode estar ativo e processando as memórias mais importantes logo antes de morrermos.

O que acontece com o cérebro momentos antes da morte?

Descubra o que ocorre com o cérebro quando estamos perto da morte – 'A vida passa como um filme' (Fonte: Pixabay) — Descubra o que ocorre com o cérebro quando estamos perto da morte – ‘A vida passa como um filme’ (Fonte: Pixabay)

O estudo liderado por Ajmal Zemmar, neurocirurgião da Universidade de Louisville, sugere que essas oscilações gama poderiam estar relacionadas a uma “recordação da vida” relatada por muitas pessoas que passaram por experiências de quase-morte. Após o cessar da função cardíaca, observou-se que essas frequências gama ainda mostravam sinais de aumento, enquanto outras atividades cerebrais diminuíam.

Como são as ondas cerebrais durante e após o evento crítico?

Analises mais profundas revelam que, junto com a elevação das ondas gama, há uma diminuição progressiva das ondas teta, que aparecem em estados de relaxamento ou sono leve. Essas transições sugerem uma coordenação complexa e uma potencial capacidade do cérebro em manter funções cognitivas ativas por um período após o coração parar de bater.

As implicações das Experiências de Quase-Morte (EQM)

Os insights deste caso aumentam a base de conhecimento sobre as Experiência de Quase-Morte (EQM), um fenômeno que continua a fascinar médicos e cientistas. Estudos adicionais mostram que aqueles que passaram por EQM frequentemente relatam sensações intensas e até mesmo visões lúcidas enquanto estavam clinicamente inanimados. Por exemplo, um dos casos mais notáveis inclui uma mulher que, apesar de cega por mais de cinco décadas, foi capaz de descrever detalhadamente a sala de cirurgia durante uma tentativa de reanimação.

O crescente acúmulo de pesquisa em torno das EQM e as atividades cerebrais relacionadas a essas experiências desafiam nossa compreensão convencional sobre a morte e o que é possível experienciar nos limiares da vida. Entender essas dinâmicas não apenas embasa a neurociência e a medicina, mas também lança luz sobre a profundidade da experiência humana nas fronteiras entre a vida e a morte.