Governo pode economizar R$ 200 bilhões com reforma administrativa, diz aliado de Lula – Saiba mais aqui
Estima-se que o governo poderia economizar entre R$ 150 e 200 bilhões se abordasse a reforma administrativa, já em curso no Congresso!
Ex-presidente do Banco Central nos dois primeiros mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Henrique Meirelles, estima que o governo poderia economizar entre R$ 150 e 200 bilhões se abordasse de uma vez por todas a reforma administrativa, já em curso no Congresso desde 2020 por meio de uma proposta de emenda à Constituição (PEC). Porém, desde 2021 permanece engavetado na Coordenação das Comissões Permanentes.
A estimativa otimista de que o governo poderia atingir o ponto de equilíbrio – certo de janeiro a agosto deste ano o déficit já chega a R$ 100 bilhões – foi baseado em modelo recentemente adotado pelo Estado de São Paulo.
“O governo de São Paulo implementou uma reforma administrativa que gerou um saldo orçamentário e de caixa de R$ 52 bilhões. COMO? Fechar empresas que não servem mais a um propósito, cortar certos tipos de benefícios de serviço público e tudo mais”, disse Meirelles em entrevista ao G1 publicado nesta sexta-feira (4).
Segundo ele, que também atuou como ministro da Fazenda do Estado de São Paulo entre 2019 e 2022, a estimativa de R$ 150 bilhões teria impacto direto na redução das despesas obrigatórias e correntes do governo federal.
No entanto, Meirelles admite que a reforma administrativa encontra resistências e muito corporativismo, como já sublinharam os especialistas ouvidos pelo Gazeta do Povo difícil de gerir como deveria ser, mesmo com os bons resultados que pode gerar para as finanças públicas.
“Obviamente isso encontra resistência. Os funcionários desta empresa não gostam disso e reagem, protestam, etc. É preciso enfrentar uma resistência significativa”, enfatizou.
Foi previsto que o A discussão sobre a reforma administrativa será uma das prioridades do Congresso deste ano defendida contundentemente pelos presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG). No entanto, a proposta continua aguardando para ser aceita pelo Legislativo.
Além de presidente do Banco Central e secretário em São Paulo, Henrique Meirelles também foi chefe do Ministério da Fazenda Michael Temer (MDB) entre 2016 e 2018. Para ele, analisando a situação econômica nacional sob diferentes perspectivas, a reforma administrativa ajudaria a reduzir a carga tributária, gerando recursos suficientes para estabilizar a economia e promover o crescimento sustentável.
Meirelles acredita que o modelo de reforma tributária em discussão no Congresso – aprovado na Câmara e em apreciação no Senado – deveria ser “o mais simplificado possível”, crítica que repercute especialmente entre os parlamentares da oposição.
“Estudos do Banco Mundial mostram que um dos principais problemas ligados à baixa produtividade do Brasil é a sua tributação muito complexa. Supondo que esse tema não seja discutido, o crescimento é esse, 2,5% a 3% [previstos para o PIB deste ano]. Será superior a 3% dependendo das circunstâncias, e talvez inferior”, frisou.
Ele também vê que o país vive uma estabilidade que não deve ser desafiada por crises – pelo menos não há nenhuma no radar neste momento. Para Meirelles “a situação está relativamente equilibrada”.
Essa estabilidade passa também pela relação entre o governo e o Banco Central, ponto de atrito entre Lula e o atual presidente do município, Roberto Campos Neto. Porém, Henrique Meirelles acredita que a situação do possível futuro presidente, Gabriel Galípolo, que ainda terá que passar pela sabatina no Senado, será diferente da atual.
Isso porque Lula vê em Campos Neto um forte conteúdo político, por ter sido indicado pelo ex-presidente. Jair Bolsonaro (PL). “No sentido de que dá ao presidente a tranquilidade de que, mesmo quando há movimentos que não lhe agradam, ele tem a tranquilidade de que isso acontece através de decisões técnicas, sem qualquer componente de ação política”, sublinhou Meirelles. . fora.
Além de Galípolo, outro ponto que dá mais tranquilidade a Lula, segundo Meirelles, é que já existem outros diretores indicados por ele no Banco Central, e mais três até o final deste ano.
“Além de o Brasil ser um país que tem uma democracia estabilizada, tem um Judiciário independente, um Congresso independente e uma imprensa independente. Tudo isto garante, portanto, estabilidade para que o país possa seguir esse caminho, sem grandes oscilações”, acrescentou.